É sempre tempo de recomeçar. Milton Salvador Marinho, de 50 anos, e Domingos Lopes Costa, de 47, garis da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), levaram a sério essa máxima e decidiram encarar os estudos, depois de muitos anos afastados da sala de aula. Neste fim de semana, eles farão as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A determinação desses dois pais de família, já com filhos na faculdade, despertou a atenção da equipe de produção do programa Encontro com Fátima Bernardes, da TV Globo, que os convidou para uma entrevista ao vivo. Eles estiveram no Rio de Janeiro, na quinta-feira, dia 5, contando suas histórias de coragem e superação.
Milton e Domingos concluíram o ensino médio há poucos meses e agora utilizam os livros que foram dos filhos, para se preparar para o Enem. “Ver os filhos estudando e o desejo de conhecer mais sobre o mundo e as pessoas me incentivaram a retomar esse sonho e tentar a aprovação no vestibular”, explicou Domingos, que fará provas para os cursos de Geologia e História.
Saber driblar o tempo, o cansaço e as demais responsabilidades da vida foi determinante na batalha rumo a mais conhecimento. Milton conta que outros colegas de profissão também foram bem-sucedidos nos estudos. “Um bom exemplo, que nos serve de inspiração, para nunca desistir, é um colega que está se formando em engenharia civil”, disse.
Durante o programa, foram exibidas imagens do dia a dia dos dois garis. Fátima Bernardes mostrou-se impressionada ao ver fotos de Milton praticando esportes e saber que ele, além de tudo, é maratonista. “Ele ainda tem tempo para correr, gente”, comentou a apresentadora.
Milton, que concorre a uma vaga nos cursos de História e Geografia, considerou válida a experiência de falar para milhões de pessoas e imaginar que o seu exemplo de determinação poderá ter influenciado muita gente. “É um privilégio estar em rede nacional discutindo educação, algo a que todo brasileiro tem direito e deveria lutar por isso”, enfatizou.
Milton relatou que, quando chegava à sede da SLU, no bairro Santa Efigênia, tinha dificuldades com tarefas ligadas à informática. “Não conseguia ligar o computador, mas recebia ajuda de funcionários e estagiários, que, às vezes, interrompiam suas tarefas para me dar um auxílio. Tudo isso me fez refletir e descobrir que poderia ir mais além e também, quem sabe, um dia, ser útil a outras pessoas. É como se eu quisesse, de alguma forma, retribuir e também orientar outros que necessitem de mim”.
Fonte: SLU
Fonte: SLU
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